O número de devotos de Nossa Senhora de Nazaré é praticamente incontável. O Círio de Nazaré, apesar de sua grandiosidade, é apenas um pequeno exemplo, visto que nem todos podem participar. A presença da imagem da Virgem sendo carregada pelas ruas de Macapá nesse período é justificável historicamente. É que Macapá pertencia, juntamente com Mazagão, ao Pará até 1943, quando foi criado o Território Federal do Amapá. Apesar do grande número de romeiros em Macapá, o Círio é uma festa de paraenses.
No estado vizinho, a devoção a Nossa Senhora de Nazaré data dos tempos coloniais, já o primeiro Círio no Pará aconteceu em 1783, após Dom Francisco de Souza Coutinho, então presidente do território, determinar que anualmente se fizesse uma grande romaria, levando a imagem do Palácio do Governo. De lá para cá o Círio sofreu muitas modificações, e em 1934 foi realizado em Macapá. Trazido por religiosas da Congregação das Filhas do Coração Imaculado de Maria, ao comando da senhora Éster Benoniel Levy, esposa do então prefeito de Macapá, major Moisés Eliezer Levy. Tradicionalmente é realizado sempre no segundo domingo de outubro.
Questionada ou não, a romaria do Círio de Nazaré segue sem problemas o trajeto da cidade todos os anos. O que interessa realmente é a fé, que é o fio condutor de todo esse processo de caminhada da santa. A programação é sempre iniciada com bastante antecedência. Este ano a peregrinação da imagem da virgem começou dia 12 de setembro, percorrendo órgãos públicos, empresas e residências. "A peregrinação da imagem começou há quase um mês pelas instituições públicas, principalmente naqueles locais onde as pessoas não poderão acompanhar o Círio, como hospitais e o Iapen, porque a presença da imagem também consola as pessoas", afirma padre Lourenço Filho, coordenador do Círio em Macapá.
A cada ano, a concentração de romeiros cresce, de acordo com a Coordenação do Círio de Nazaré, a expectativa é que cerca de 200 mil pessoas participem. Apesar de Macapá ter São José como padroeiro, cuja festa é realizada em 19 de março, a concentração de romeiros do Círio de Nazaré consegue ultrapassar, em volume de massa, os penitentes do próprio padroeiro. São mais de setenta anos de Círio em Macapá; de esperanças e certezas de uma população católica sedenta de fé à sua virgem, cumprindo o itinerário de devoção à "advogada do povo", crentes na salvação eterna. É a solene manifestação de fé da população.
Fonte: Diário do Amapá
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